Já que o primeiro post sobre Hakone fez tanto sucesso, que resolvi acelerar a publicação da segunda parte da nossa experiência no Ryokan. Além dos banhos, de dormir em futon, de cantar no karaokê, também experimentamos a culinária típica japonesa – só que “gourmetizada” (não sei nem se essa palavra existe, mas em resumo, é a comida cheia de firulas, rebuscada).

Nosso jantar no ryokan. Foto: arquivo pessoal
A nossa diária no Senkyoro Ryokan incluía duas refeições por dia: café da manhã e jantar. Esse último poderia ser de duas formas, à la carte ou buffet. Optamos pelo buffet nos dois dias. O horário do jantar era combinado previamente com o pessoal do hotel (lembra que eu falei que eles usavam esse tempo para preparar nosso quarto para dormir?) e era servido no restaurante do ryokan.
Fomos recepcionados docemente pela garçonete do restaurante, que usava as roupas típicas – e não entendia nada de inglês. Na mesa, estava o menu que seria servido no dia. Como não como carnes, somente peixes e frutos do mar, informei previamente o ryokan e os meus pedidos foram atendidos, sem quaisquer problemas.

Menu na mesa – essencial para o entendimento dos pratos. Foto: arquivo pessoal
Os pratos vinham na sequência estabelecida por eles e que já constavam no menu. Inclusive, ter o menu na mesa foi essencial para entender os pratos que chegavam. Mas ocorreu de a gente não entender nem o menu e nem o prato quando chegou (medo.). Em todo caso, a única solução era fechar os olhos e mandar para dentro, porque a essa altura não era possível fazer qualquer alteração no cardápio, até porque a garçonete não entendia inglês, então seria difícil explicar.
O menu de um dos jantares em detalhe:

Menu do buffet do ryokan. Foto: arquivo pessoal
Estou tentando encontrar as palavras certas para descrever o jantar. Foi diferente, inesperado, surpreendente, inusitado, desafiador… Cada prato novo que chegava era um suspiro. Eles ousavam muito nas texturas dos alimentos, além de o sabor já ser exótico o suficiente pra gente. Em alguns momentos, tivemos vontade de sair correndo e pedir um sanduíche no quarto (o que não era possível, anyway), em outros, fechávamos os olhos e comíamos sem pensar muito sobre isso.
Com a chegada do primeiro prato (antes de provar), a nossa carinha ainda estava ótima:
- Jantar no ryokan. Foto: arquivo pessoal
- Jantar no ryokan. Foto: arquivo pessoal
O primeiro prato:

Vinho japonês, tofu, fígado de peixe, água-viva, maçã, pepino, trigo sarraceno, batata doce, alga marinha com ova…
Eu não sabia se ria ou chorava. Me lembro que pensava “Meu Deus, por que as pessoas comem isso?! Fígado de peixe, água-viva? Sério?!”. Se pudéssemos resumir esses jantares em uma palavra seria: TENSO. Era tenso! Depois do primeiro prato, não teve mais aquela carinha fofa na hora de tirar a foto. Eu ficava na dúvida se comia logo para ficar livre, ou se comia devagar para adiar a surpresa do próximo prato. Detalhe: a garçonete ficava nos observando até começarmos a provar o prato, esperando que fizéssemos um “positivo” com a cabeça. Não é TENSO?

Se a comida estiver difícil de descer, tome saquê! Foto: arquivo pessoal
No fim das contas, pedi um saquê atrás do outro e o marido falava continuamente “o que é um peido para quem está cagado?”. Excelente frase para ser dita à mesa. Não costumo filmar as nossas viagens, mas nesse dia eu desejaria que tivesse uma câmera gravando as nossas reações… Olhem só se eu não tenho razão:

Essa cara já explica tudo.
Os pratos servidos nos jantares das duas noites:
Observem que a apresentação dos pratos era impecável. As louças eram tão lindas que dava vontade de carregar para casa (na verdade, eles até vendem algumas coisas lá no próprio ryokan). Quanto ao sabor, bem… vou ser muito sincera: depende! Havia umas coisas deliciosas, outras nem tanto. Eu não sou apreciadora de comida japonesa de longa data e talvez seja por isso que tive dificuldade em aceitar os pratos. São texturas, temperaturas e sabores muito diferentes da nossa comida tradicional brasileira. Marido teve a mesma impressão:
Não quero aqui criar uma barreira em vocês em relação à comida japonesa: muito pelo contrário! Eu acho que eles exploram sabores super diferentes e pode ser que você ame ou odeie, não tem como saber até provar. Para quem é fã de iguarias, com certeza vai se dar bem. A principal dica que eu dou é ir de coração aberto e provar tudo: vai que você gosta? Outro ponto importante: caso tenha alguma restrição alimentar, avise o local, por menor que seja essa restrição. Sinto um pouco de arrependimento de não tê-los avisado que quando eu disse que como frutos-do-mar estava me referindo à caranguejo, lagosta, camarão e lula, apenas (sim, ainda tô bolada com essa história de comer água-viva).

Vai um negócio-azul-que-eu-não-sei-o-que-é aí?
Quando nos perguntaram se iríamos querer o café da manhã tradicional japonês ou no formato ocidental, fomos uníssonos: ocidental (pelamordedeus!). E aí não teve erro, foi tudo como esperávamos e estava delicioso. O olhar sereno de quem sabe o que está colocando na boca:
- Café da manhã ocidental no ryokan. Foto: arquivo pessoal
- Café da manhã ocidental no ryokan. Foto: arquivo pessoal
E essa foi a nossa experiência no ryokan! 🙂 Adoramos cada segundinho, mesmo com essas caretas que fizemos para a comida. Rs. Com certeza é algo que faremos de novo, caso tenhamos oportunidade! Ficamos 2 diárias e considero suficiente para aproveitar bem o que o ryokan tem a oferecer, além de dar uma volta pela cidade (que contei aqui). Quem tiver alguma dúvida sobre esse passeio, é só deixar nos comentários que respondo. Beijo!
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