Neste último final de semana fizemos a nossa primeira road trip, ou viagem de carro, partindo dos Emirados Árabes. Fomos com um casal de amigos (velhos conhecidos aqui no blog pela viagem a Salalah e tantos outros passeios, a Renata e o Thiago) e decidimos ir no carro deles, em uma viagem que começou no início da tarde e só terminou altas horas da noite.
Foram quase 600 km percorridos em 8 horas, contando o tempo que tivemos que fazer a imigração na fronteira dos dois países. Muito mais cansativo e demorado que planejamos.

Na estrada, em Omã. Foto: arquivo pessoal
O destino
O destino escolhido foi Muscat (Mascate, em português), capital de Omã, nosso país vizinho aqui no Golfo Pérsico e também o único país para onde nos é permitido viajar de carro – pois o outro país com o qual os Emirados Árabes faz fronteira terrestre é a Arábia Saudita, que não admite turistas em seu território.
Aproveitamos o feriado de 2 de outubro, ano novo islâmico, que este ano caiu em um domingo (final de semana prolongado, já que aqui o final de semana é sexta e sábado, como já expliquei aqui). Acabamos de entrar no outono no hemisfério norte, então já notamos com alegria a queda nas temperaturas, possibilitando passeios ao ar livre e deixando mais agradáveis as viagens pela região.
A estrada nos Emirados Árabes
O trecho que liga Abu Dhabi a Al Ain, cidade que pertence ao emirado de Abu Dhabi, é todo duplicado, com um asfalto perfeito e possui até iluminação em toda a via (via E22). A paisagem varia entre vegetações plantadas na beira da estrada e grandes dunas ao fundo. Muito bonito!

Estrada que liga Abu Dhabi a Al Ain. Foto: Renata Zagato
Sabemos que chegamos a Al Ain ao avistar o Jabel Hafeet, a montanha mais alta do país.

A belíssima vista do Jabel Hafeet na estrada em Al Ain. Foto: Renata Zagato
O posto de imigração na fronteira
Para atravessar para Omã, escolhemos a fronteira Mazyed (Mazyed Border), por indicação de outros brasileiros que já fizeram essa viagem e nos disseram que seria fronteira mais vazia, ou pelo menos com uma fila menor.
É importante dizer que há muitos pontos de fronteira entre os Emirados Árabes e Omã, porém, há aqueles que são muito cheios e outros que são somente para emiradenses. Como já sabíamos que Mazyed seria uma fronteira tranquila, não quisemos arriscar ir por outra.

Rota que fizemos de Abu Dhabi a Muscat. Fonte: Google Maps
Além das opções de fronteiras, há também várias possíveis rotas para Muscat, mas escolhemos a que passa pelo interior do país, por Nizwa (estradas 21 e 15), também por terem nos dito que seria uma estrada mais vazia, apesar de ser um pouco mais longa.
A imigração
O processo de imigração é relativamente simples, porém demorado. Ao sairmos dos Emirados, precisamos pagar uma taxa de AED 32,13 por pessoa. Ao entrarmos em Omã, a taxa do visto é de OM 5. Como já falei no post de Salalah, brasileiros não precisam tirar o visto antecipadamente para entrar em Omã. Eles concederão o seu visto ao entrar no país, baseado no tempo que passará no mesmo. Não tivemos que comprovar nada (profissão, hotel, quantia em dinheiro), apenas apresentar nossos passaportes e vistos de residentes nos EAU, além de preencher o formulário abaixo:
O carro também é registrado na entrada do país e é importante verificar se o seu seguro contempla território internacional, se não, é recomendável que você o faça antes. Caso não seja possível, há um guichê no posto da imigração da fronteira (no mesmo local onde pegamos os nossos vistos para entrar em Omã) que vende o seguro do automóvel para o país, apesar de eu não saber dizer se funciona realmente.
Também é importante lembrar que, se você é turista nos Emirados Árabes e deseja ir a outro país, inclusive Omã, deverá se atentar se o seu visto é de múltiplas entradas, ou não será permitida a sua volta aos EAU.
A estrada em Omã
Atravessar fronteiras de países via terrestre é sempre uma experiência interessante. O asfalto muda, as placas mudam e, mormente, as paisagens mudam. Ao sairmos dos Emirados e entrarmos em Omã, as dunas foram substituídas por vastos campos com árvores esparsas, mais ou menos como visualizamos as paisagens das savanas africanas. Um pôr do sol fantástico também compôs essa linda paisagem!
De vez em quando, víamos alguns camelos soltos, se alimentando das árvores. De vez em sempre, havia pardais na estrada. Não, não aqueles que voam, mas aqueles que tiram uma fotinha sua, caso você esteja acima da velocidade. Cuidado!
Na ida, acabou escurecendo e não tínhamos mais uma vista legal da estrada, mas isso foi recompensado na volta:

Paisagens belíssimas nas estradas de Omã. Foto: arquivo pessoal
Dicas importantes
– GPS e acesso a internet: para a navegação, usamos o aplicativo Waze durante todo o tempo e deu tudo certo! O nosso amigo, dono do carro que fomos de carona, contratou um serviço de dados para uso no exterior para o celular e, por isso, tínhamos acesso a internet, que foi essencial também para encontrar o hotel em Muscat.
– Dinheiro em espécie: troque algum dinheiro por omani (omani rial, OMR) antes de entrar no país, pois os postos de combustíveis e lanchonetes só aceitarão omanis, caso precise pagar em espécie. Por sorte, ao abastecermos, eles aceitaram cartão, mas a lanchonete do posto não aceitava e conseguimos comprar somente um mini pacote de batata frita com umas moedas que sobraram da viagem de Salalah e que, por sorte, havíamos levado. Famintos, depois de horas na estrada, só contamos com esse pacotinho para alimentar 4 pessoas no carro. Lição aprendida: ou leva a moeda local, ou leva o lanche no carro.

O que deu para comprar com as moedinhas – e minha cara de cansaço terrível. Foto: arquivo pessoal
– Banheiros na estrada: achar posto de combustível na estrada não é difícil, mas banheiro, sim. As condições dos banheiros, tanto no posto de imigração da fronteira quanto dos postos de combustíveis, eram lastimáveis. Não havia papel higiênico ou sabonete, além da sujeira. Portanto, recomendo que levem na bolsa um “kit de emergência” para uso em banheiros públicos.
– Não repetiria: apesar de ter sido uma experiência bacana, principalmente pela paisagem da estrada, não sei se faria essa viagem de carro novamente. A viagem foi mais cansativa que o esperado, especialmente na ida, onde a imigração para entrar em Omã é mais lenta. Valeu para saber como é, mas na próxima ida a Muscat pretendemos ir de avião. Se você tem filhos pequenos, que ficam impacientes na estrada, também aconselho pensar duas vezes antes de fazer essa viagem de carro 😉
Sobre o que fizemos em Muscat durante o feriado, falarei nos posts seguintes, fiquem de olho 😉