Se me dissessem há uns 3 anos “Azerbaijão e Geórgia” eu não saberia dizer nem se era país, cidade, comida ou nome de carro. Esses dois países da região do Cáucaso, encrustados entre Irã, Rússia, Turquia e os mares Negro e Cáspio são, ainda, muito desconhecidos dos brasileiros. Somente os viajantes mais experientes (de acordo com as várias buscas que fiz pela rede) já se aventuraram por essas bandas. Apesar de abrigar países pouco conhecidos, a região possui uma história rica, territórios com inúmeras belezas naturais e uma cultura interessantíssima.

No templo de Zoroastrismo, Ateshgah, Baku, Azerbaijão. Foto: arquivo pessoal
A ideia de viajar para o Cáucaso já permeia os meus pensamentos desde que nos mudamos para Abu Dhabi. Há diversos voos para a região, que está apenas a menos de 5h “de distância”. Eu sempre penso que temos que aproveitar enquanto moramos aqui para visitar esses lugares mais “exóticos” e difíceis de serem visitados quando estivermos no Brasil. E agora, passada a viagem, digo: compatriotas que vivem no Oriente Médio, também não percam essa oportunidade!
O Cáucaso é composto por 3 países: Azerbaijão, Geórgia e Armênia. Como só tínhamos 1 semana de férias, durante o Ano Novo, não dispúnhamos de tempo suficiente para conhecer os 3 lugares. Vale lembrar que Azerbaijão e Armênia não possuem relações, então não é possível cruzar a fronteira de um lugar para o outro. Além disso, há diversos territórios “problemáticos” nesses países, assunto que vale outros artigos para discussão. Evitando qualquer tipo de problema, fizemos uma viagem que seguia bem o “roteiro turístico” da região, sem grandes aventuras (assim eu pensava, inicialmente, inocentemente, coitada de mim).

Em Tbilisi, Geórgia. Rio Kura. Foto: arquivo pessoal
O nosso roteiro de 7 noites ficou assim:
Dia 1: Chegamos a Baku, a capital do Azerbaijão, vindo de um voo de Dubai que atrasou muitas horas. Fizemos check-in e depois saímos para jantar. Noite em Baku.
Dia 2: Fomos conhecer os Mud Volcanoes (vulcões de lama) e Gobustan (sítio arqueológico). Almoçamos em Baku. Passamos a noite de Réveillon no calçadão da cidade, chamado de Boulevard. Noite em Baku.
Dia 3: Dia livre em Baku. Noite em Baku.
Dia 4: Manhã livre em Baku. Depois do almoço, fomos para Yanardag (montanha com fogo) e Ateshgah (templo de Zoroastrismo). Voo noturno para Tbilisi, capital da Geórgia. Noite em Tbilisi.
Dia 5: Dia livre em Tbilisi. Noite em Tbilisi.
Dia 6: Fomos para Stepantsminda, passando pela Rodovia Militar da Geórgia. Noite em Stepantsminda.
Dia 7: Fomos para o resort de ski Gudauri. Noite em Gudauri.
Dia 8: Manhã no resort de ski. Depois, fomos para o aeroporto de Tbilisi. Jantar em Tbilisi. Noite no chão do aeroporto de Baku.
Dia 9: Chegamos em Abu Dhabi à tarde (muitas horas depois de ter partido de Tbilisi).
Esse foi o roteiro que cumprimos, mas que não foi o planejado. Iríamos passar 3 noites em Tbilisi e não 2, mas o Airbnb que alugamos lá não estava muito bom e decidimos sair 1 noite antes. Como o hotel que havíamos reservado no resort de ski estava lotado, tivemos que nos hospedar em outra cidade, e foi aí que dei a ideia de Stepantsminda, que é uma cidade próxima à estação e que iríamos visitar de todo jeito. Acabou sendo mais cansativo, já que mudamos muito de hotel, mas no final valeu a pena (contarei no post sobre as hospedagens).

Parada para fotos na Rodovia Militar da Geórgia. Foto: Renata Zagato
IMPRESSÕES SOBRE O ROTEIRO NO CÁUCASO
Como sempre faço, vou deixar aqui a minha avaliação sobre o nosso roteiro, dizendo o que eu acho que vale a pena ser repetido e o que não vale.
Baku
3 noites em Baku são mais que suficientes. Na verdade, se o seu tempo for corrido, 2 noites estão de bom tamanho. Mesmo considerando que tivemos 1 dia perdido (por conta do atraso do voo), pudemos ver ainda com muita tranquilidade toda a cidade, além das atrações turísticas que ficam fora dela. Confesso que no último dia já estávamos entendiados, pois já tínhamos visto as mesmas coisas várias vezes.

Mud Volcanoes, ou vulcões de lama, no Azerbaijão. Foto: Renata Zagato
Tbilisi
Eu queria ter passado as 3 noites em Tbilisi e conhecido várias coisas que não deu tempo, como toda a margem oposta do rio (ficamos somente do lado esquerdo, na parte antiga da cidade), além de Mtskheta. Infelizmente, com apenas 2 noites e 1 dia completo, não dá tempo. Apesar disso, posso dizer que tivemos um dia proveitoso na cidade e pudemos desfrutar bem a parte antiga. Fizemos o roteiro sugerido pelo Pedro, do Travel With Pedro, que vocês podem conferir aqui. Não seguimos exatamente à risca, mas esse artigo nos ajudou muito a planejar o que poderia ser visto em 1 dia e a pé. Recomendo! (obrigada, Pedro!)

Tbilisi, capital da Geórgia. Foto: arquivo pessoal
Stepantsminda
A pequena cidade georgiana, que fica quase na fronteira da Rússia, é muito charmosa. A hospedagem por lá não estava previamente programada, mas valeu a pena. Não vou falar em detalhes aqui, pois quero guardar a melhor parte para depois, em outro post, mas já adianto que, se puder, fique 1 noite por lá. Se não tiver jeito, pelo menos não deixe de visitá-la.

No nosso hotel em Stepantsminda. Foto: Renata Zagato
Gudauri
Nossa viagem foi no Ano Novo, o que significa muita neve na região. Um dos intuitos da viagem era, também, passar 1 dia em um resort de ski. Gudauri não é o único resort de ski da Geórgia, mas é com certeza o mais famoso. Facilmente acessado desde Tbilisi, em uma localização cheia de história (a Rodovia Militar da Geórgia) e com paisagens absolutamente incríveis, se você deseja passar um tempo em um resort de ski, esse eu recomendo. Aproveitamos 100% do tempo da nossa única diária por lá. Foi o suficiente para ver muita neve, passar muito frio e ter muitas aventuras (e até risco de vida).

Esse ser meio congelado sou eu. Gudauri ski resort, Geórgia. Foto: arquivo pessoal
IMPRESSÕES SOBRE A VIAGEM
Vale a pena conhecer o Cáucaso? Sem dúvida! Como disse antes, especialmente aos que moram por aqui, vale muito a pena. Gostamos muito da viagem e de todas as cidades que visitamos. Confesso que não estávamos esperando muita coisa de Baku, mas ficamos surpresos com a cidade, super limpa, organizada, charmosa e preparada para receber turistas. Comemos bem, dormimos bem, nos comunicamos com facilidade. Enfim, tivemos um ótimo tempo por lá.
Recomendo a cidade a todos: idosos, viajantes independentes, jovens, casais, famílias com filhos. Baku agrada a qualquer um! Se você pensa em visitar um lugar diferente, mas sem abrir mão das “facilidades” ocidentais, lá é o lugar certo. Fomos no inverno e não pudemos aproveitar “praia”, mas acho que seria interessante descobrir como é a cidade nas estações mais quentes. Quem sabe um dia?

Baku, capital do Azerbaijão. Foto: arquivo pessoal
Quanto à Geórgia, dizer que foi uma decepção seria maldade. Não foi bem isso. Acontece que ficamos com as expectativas altas demais em relação ao país e, no fim, nossa experiência não foi tão “UAU” assim. Foi ruim? Não, de forma alguma (com exceção de uma situação que vivi no resort de ski). Mas talvez esperássemos mais, especialmente porque só lemos coisas boas a respeito de lá. Talvez devêssemos passar mais tempo por lá, ou conhecer outras cidades, não sei. De toda forma, também foi um lugar incrível e que eu voltaria com certeza! De novo, acho que uma ida durante o verão seria bem interessante e diferente da viagem que fizemos.
Apesar das ressalvas (e das altas expectativas, mais uma vez, frustradas – preciso aprender a controlar isso), foi uma viagem incrível e que eu recomendaria a qualquer pessoa. Claro, ainda virão muitos artigos sobre o Cáucaso para vocês. Fiquem de olho! Beijo grande e até breve!